Perspetiva-se que os desafios colocados à gestão de transportes e frotas em 2023 se mantenham e ainda não existem sinais inequívocos da alteração das circunstâncias vividas durante os últimos anos. Esta é a infeliz realidade resultante da persistência das adversidades que têm afetado o mercado mundial automóvel de forma significativa.
Não se vislumbram melhorias nos prazos de entrega de veículos novos cujos prazos de entrega estão, em média, superiores a nove meses, assim como se mantêm igualmente elevados os tempos de reparação de veículos sinistrados ou com avarias.
Este impacto tão significativo e duradouro da conjuntura externa no mercado automóvel fez com que as políticas de gestão de transportes e frota ficassem totalmente obsoletas e impossíveis de exercer face à abrupta escalada de preços, aumento das taxas de juro e falta de veículos.
Poder-se-á aplicar a economicamente “pura e dura” conhecida “Lei da Oferta e da Procura”.
Esta conjuntura representa um impacto relevante, mas abre igualmente o espaço a reflexão sobre oportunidades que de outra forma não seriam eventualmente equacionadas.
Atualmente, a medida mais comum e forçosamente aplicada pelos gestores de frota é a prorrogação de prazos de contratos de veículos em regime de aluguer. Desde há dois anos que constitui uma inevitabilidade face à inexistência de veículos. É claramente uma medida transitória e de cariz tático, mas que tem sido fortemente adotada.
O custo mensal resultante do prolongamento dos contratos é superior ao custo inicial – pelas razões inflacionistas referidas anteriormente – mas ainda assim, uma opção menos onerosa que a contratação de um veículo novo da mesma tipologia e configuração.
Esta medida permite uma redução de desvios orçamentais e obriga a uma busca incessante na utilização de sinergias com vista à otimização e uso racionado e partilhado dos meios disponíveis.
A estratégia de contratação com prazos mais curtos, é hoje até, uma opção mais sensata que permite evitar compromissos mais duradouros num momento em que os preços estão inflacionados.
Exemplo desta estratégia é o novo produto comercializado pelos fornecedores da especialidade – o aluguer de veículos usados, que após recondicionamento são recolocados no mercado para suprir as necessidades da escassez de viaturas novas. Este novo produto tem a particularidade de permitir que se efetuem os chamados contratos de curta-duração com prazos de contratação flexíveis, mas também extensíveis.
Estamos expectantes que em 2024 a inflação e taxas de juro regressem à normalidade perspetivando-se assim várias alterações no mercado automóvel, desde o crescimento da oferta, a alterações nos modelos de distribuição, a recuperação da capacidade produtiva das fábricas e o consequente regresso aos tempos de disputa de quotas de mercado.
Só não é possível para já, identificar em que momento exato no tempo todas estas variáveis coincidirão!